Ofertas de medicamentos para perda de peso de Trump: preços mais baixos geram mais perguntas

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O presidente Trump anunciou novos acordos para reduzir o preço dos medicamentos populares para perda de peso Wegovy e Ozempic, gerando otimismo e confusão. Embora estes acordos visem tornar estes medicamentos mais acessíveis através de iniciativas como a TrumpRx, uma plataforma online direta ao consumidor, e preços reduzidos para os beneficiários do Medicare e do Medicaid, permanecem várias questões sem resposta sobre o seu verdadeiro impacto.

A partir de janeiro de 2026, os pacientes poderão comprar Wegovy (semaglutida) e Zepbound (tirzepatida), ambos medicamentos de sucesso para perda de peso produzidos pela Novo Nordisk e Eli Lilly respectivamente, diretamente através do TrumpRx a um preço médio mensal de US$ 345. Projeta-se que esse valor caia para US$ 250 por mês até 2028. A plataforma direcionará os pacientes para lojas on-line administradas por farmacêuticas, onde descontos adicionais podem estar disponíveis para indivíduos sem seguro ou com seguro insuficiente.

No entanto, a alegação da administração de que estes preços representam uma taxa de “nação mais favorecida” (NMF) – o que significa que são inferiores aos de nações ricas comparáveis ​​– parece enganosa. Embora exista alguma variação nos custos diretos entre os pacientes europeus, estudos mostram que existem preços significativamente mais baratos para estes medicamentos noutros locais.

Apesar de ser considerado inferior aos actuais preços de mercado directo ao consumidor nos EUA (cerca de 499 dólares por mês), o valor de 345 dólares pode ter um impacto limitado na maioria dos segurados que já pagam co-pagamentos inferiores a 100 dólares por mês para doses de manutenção.

Medicare e Medicaid: uma imagem obscura

Os acordos também estipulam que os medicamentos serão vendidos ao Medicare e ao Medicaid por US$ 245 por mês, com co-pagamento de US$ 50 para os beneficiários do Medicare. Este preço levanta outras questões:

  • Cronogramas conflitantes: Este valor de US$ 245 coincide com o preço justo máximo negociado sob a Lei de Redução da Inflação (IRA) para produtos de semaglutida (como Ozempic, Rybelsus e Wegovy), previsto para entrar em vigor em janeiro de 2027? A Casa Branca insiste que o acordo de 245 dólares será aplicado a partir de meados de 2026, antecipando os preços do IRA.

  • Negociações separadas?: Se o preço negociado pelo IRA for de fato separado (e potencialmente superior a US$ 245), qual o papel deste novo acordo? Poderia funcionar através de um programa piloto do Medicare anunciado pela administração há três meses, que torna a participação voluntária nos planos de seguro e tem duração temporária?

  • Expansão da cobertura: Embora os acordos prometam cobertura expandida sob Medicare e Medicaid para pacientes obesos com certos riscos metabólicos ou cardiovasculares (definidos por limites e condições específicas de IMC), não está claro se isso constitui um progresso substancial. Muitos indivíduos dentro destas categorias já se qualificam para a cobertura actual com base em indicações pré-existentes da FDA. Para outros sem comorbidades, a cobertura existente permanece inalterada.

Além do preço: incentivos para gigantes farmacêuticos

A Novo Nordisk confirmou um acordo separado de preço justo máximo com o Medicare no âmbito do IRA, mas não divulgou o valor exato. Eles, no entanto, indicaram que isso terá um impacto mínimo nas vendas, sugerindo que pode ser superior a US$ 245.

A Eli Lilly e a Novo Nordisk ganham mais do que apenas expansão potencial do mercado através destes acordos. Recebem isenções tarifárias sobre produtos farmacêuticos e vouchers de revisão prioritária – acelerando o processo de aprovação de novos candidatos a medicamentos.

As perguntas não respondidas permanecem

Embora a administração Trump pretenda conseguir preços mais baixos dos medicamentos, os detalhes em torno destes acordos levantam mais questões do que respostas: Qual é o verdadeiro impacto no acesso dos pacientes? Como é que estes acordos afectarão os modelos de cobertura existentes do Medicare e as futuras negociações de preços do IRA? E quais são as implicações a longo prazo para as estratégias de preços dos produtos farmacêuticos face à intervenção governamental?

Explicações mais claras, tanto da administração como das empresas farmacêuticas, são cruciais para avaliar a verdadeira eficácia destes ambiciosos esforços. Só o tempo dirá se representam um passo significativo em direção a uma maior acessibilidade ou simplesmente outra camada de complexidade dentro de um sistema já opaco.